29/12/2017

Auto(psycho)grafia


O poeta é um pecador.
Peca tanto, e tão somente,
que tem de fingir licor
o sangue que traz nos dentes.

E os que leem o que escreve,
na bebida sentem bem 
até o anjo, quando bebe
aos demônios grita: Amém!

E assim, embriagados,
sem dor nem religião,
conduzimos nosso arado
sobre ossos do coração.

A. F.