26/01/2019

Sucata

Vendo poemas reciclados.

Os cato do chão, matéria
barata, verbo luminoso
em rio bosteiro.
Escolho as palavras
que ainda prestam
(é quase todas, inclusive
seborreia).
Amontoo tudo em
definitivos versos.
É um trabalho sujo.

Quando prontos,
estendo os poemas em longos varais feitos de tripas
humanas
e sem amor os entrego
a qualquer um que pague
o preço da sucata viva
que ofereço.

E quem me flagrasse nessas transações
de beira de estrada, veria um vendedor
e sua mercadoria.
Mais nada.

A. F.