— a noite convida-me
para dançar.
Levo no peito
(cravado no peito)
uma pequena faca.
Tenho que ir
— os pés já não podem
outros caminhos.
Tenho que ir
— o verbo faminto
me chama, me inflama.
Tenho que ir
sem preocupar-me com as caras
atônitas, tremendo de frio,
sem dar ouvidos
aos comentários
que me chamam louco.
Tenho que ir.
17 anos. 17 anos só pra isso.
Desculpa, mãe.
Hora de calçar os chinelos,
os meus chinelos
e de pijama
verde-limão
sair no frio.
A. F.