* Foto de Diane Arbus
Tal qual um esqueleto desmembrado,
o abismo dos teus olhos vou descendo.
Anjos nus vão imóveis ao meu lado —
é minha alma, algo pura, anoitecendo...
Onde foi que perdi meu brilho alado?
Em que parte do corpo fui perdendo
a fé e, feito flor, você, pecado,
nasceu, desabrochou e foi vivendo?
— Oh flor da minha vida, oh Razão
que guia meu calvário e é a igreja
onde fabricam céu e perdição!
Eu desço este abismo se deseja,
mas vou cantando baixo uma oração —
quem sabe Ele me ouça, Ele me veja.
A. F.