e o cão me vê.
Nos entreolhamos: não há anteolhos
nem filosofias.
Vejo o cão mas não reparo o cão
e nem o cão desvenda
o meu segredo.
Não há trânsito.
Daqui a pouco o cão irá passar
- eu também hei de passar -
e nada disso terá importância.
Mas há algo novo, inteiramente novo
acontecendo aqui:
entre mim e o cão
um poema
se elabora.
E pra qualquer lado que decidirmos ir,
a partir de agora, será a caminho
da eternidade.
A. F.