24/08/2014

Dois enterros


Meus pássaros não param de morrer. 
Esta manhã dois corpos recolhi
: um na esquina onde te perdi,
outro à janela em que me vi perder.

Duas rasas covas ternamente abri,
pois cada morto é parte do meu ser,
e como eu não soubesse o que dizer
um epitáfio a cada um escrevi.

Ao meu primeiro pássaro: Aqui jaz
um amador que, por perder uma asa,
dormita, agora, em ninhos abissais.

E ao meu segundo pássaro: Aqui jaz
a pomba branca que fugiu de casa
e não retorna nunca, nunca mais...

A. F.

* Foto: Natura Morta