24/08/2014

Dois enterros


Meus pássaros não param de morrer. 
Esta manhã dois corpos recolhi
: um na esquina onde te perdi,
outro à janela em que me vi perder.

Duas rasas covas ternamente abri,
pois cada morto é parte do meu ser,
e como eu não soubesse o que dizer
um epitáfio a cada um escrevi.

Ao meu primeiro pássaro: Aqui jaz
um amador que, por perder uma asa,
dormita, agora, em ninhos abissais.

E ao meu segundo pássaro: Aqui jaz
a pomba branca que fugiu de casa
e não retorna nunca, nunca mais...

A. F.

* Foto: Natura Morta

10 comentários:

  1. arrasou! gosto do teu estilo forte, contundente!

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  2. Puxa, André! Lindo, embora eu seja daquelas que goste sempre de finais felizes! Muito bem escrito! Um abraço!

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  3. Oi, André!
    Muito linda a a apresentação e o desenvolvimento das metáforas! Você sabe bem representar os sentimentos!

    Abraços,
    Diego.

    pecasdeoito.blogspot.com.br

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  4. Minha vida, meus mortos / Meus caminhos tortos: https://www.youtube.com/watch?v=BliqScxpNRs

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  5. André, essa poesia é mais profunda do que se tivesse cavado mil covas com as mãos.

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  6. Sentimentos são pássaros livres, são pardais. Mesmo em gaiolas, se deixar ir embora ele vai.

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  7. Metáforas muito bem lapidadas. Espero que seus pássaros parem de morrer e aprendam a voar com sabedoria.

    O Mundo Em Cenas

    Abraços

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  8. Simplesmente lindo, adoro teus poemas.


    Beijos e ótima semana
    http://mylife-rapha.blogspot.com

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  9. Olá André!
    Venho agradecer-lhe e fiz questão de fazê-lo me manisfestando neste exuberante poema que ao meu evento enviaste. Parabéns pelo blog e por suas belíssimas criações. Estarei sempre por aqui. Apareça por lá; a casa é tua!
    Abraço.

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