27/07/2013

A arte de limpar retratos


Delicadamente ponho
os retratos na estante -
fundem-se poeira e sonho
nas relíquias do viajante.

Demoradamente ponho
os retratos na estante -
fundem-se poeira e sonho
nas marcas do elefante.

Desgraçadamente ponho
os maus-tratos na estante -
fundem-se poeira e sonho
nos retratos do aspirante.

A. F.

6 comentários:

  1. O passado é delicado, não tem volta, não tem cópias, é irreversível. É preciso ter cuidado como a um velho papiro.

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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  2. Mas o passado tem o incrível poder de alterar o futuro, por mais longínquo que este seja...

    Gostei do seu blog, estou seguindo!
    Abraços!

    http://pecasdeoito.blogspot.com.br/

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  3. Sentido, sonoro, sinuoso...

    Beijo, cavalheiro!

    (agradeço tuas palavras generosas no válvula de escape)

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  4. oi André
    A nostalgia explícita em cada verso. Viver o presente pois o passado não pode ser revertido e nem compactuar com o incerto futuro.
    Beijos
    Gracita

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  5. A estante é observadora de muitas passagens das nossas vidas...poeiras e sonhos convivem num mesmo ser e entornam o presente. Um abraço!

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  6. Imagens fortes e delicadeza no sentido! Outro de seus poemas surpreendentes! Evoé!

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