* Imagem de Sally Mann
Álbum: Family Pictures
(1984-1991)
[1]
Éramos amarelos
como os canarinhos
e os girassóis.
Eu fazia a comida,
você alimentava
os dragões. Eu
escrevia os poemas,
você os queimava
na lareira.
Éramos um fogo só.
[2]
Diziam, os vizinhos, quando
éramos amarelos,
que nossos olhos juntos
eram mais que o sol.
Deus sempre vinha
tomar uísque
em nossa casa
de bonecas.
(Éramos amarelos
e cristãos.)
[3]
Mas isso foi antes
daquele verde
nos seus olhos.
Era domingo
e na tv
nada entretinha
as nossas vísceras.
Você, entre um comercial
e outro, alimentou florestas
ao invés de dragões.
(Era domingo demais
para uma natureza
assim tão vasta,
assim tão brusca.)
Quis sair: mas é domingo.
Era domingo, não
entendi.
Quis sair, eu disse: fica.
Com te conter, eu
te perdi.
[4]
Eu, sozinho,
dei de beber coca-cola
e escrever poemas
pra não queimar depois.
Os dragões morreram todos.
Não sei se de fome. Não sei
se de tédio.
Maravilhoso, adorei.
ResponderExcluiruau!!!! que lindo, que intenso! bjs
ResponderExcluirhttp://mentedesencaixada.blogspot.com.br/
posso levar para o meu blog?
ResponderExcluirFique à vontade, Jeanne. Beijo!
ExcluirCurti :)
ResponderExcluirParabéns pela poesia, belíssima.E parabéns pelo blog. Abraço.
ResponderExcluirAndré, seu poema é simplesmente genial! Embora com final triste, tem beleza, originalidade, musicalidade... estou encantada!
ResponderExcluirDesejo um 2016 repleto de inspiração e boas lembranças!
Como já disse Caio F, os dragões não conhecem o paraíso.
ResponderExcluirMuito boa a metáfora do domingo; um dia triste e vazio.
ResponderExcluirBelo poema, André! Sobre o encantamento, a perda, e a necessidade de poesia.
Um ano feliz!
xx
A Verdade Em Poesia, está a tentar visitar a todos os seus seguidores,
ResponderExcluirpara deixar abraço amigo e agradecer por termos ficado juntos mais um ano,
desejar também que este ano lhe traga muitas alegrias, e grandes vitórias.
Atenciosamente. António.
PS. tive de seguir outra vez porque estava sem foto, ou sem endereço.