07/08/2014

O conta/dor

Em criança ouvia contos
— contos para recontar.
Agora, crescido & tonto,
tudo o que faço é contar.

No escritório, o patrão:
— Conte, conte até cansar!
Conto o dia inteiro, então,
contos para não guardar...

Por tamanha contação
fim do mês recebo uns contos
que até dão para gastar.

Mas quando fecha o bar,
a noite é quem conta os contos
e são contos de matar...

A. F.

5 comentários:

  1. Gastei todos os meus contos numa noite ao luar.
    Contei, cantei até o dia raiar.

    Abreijos!!^^

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  2. Uau, esse uso de palavras enriqueceu deveras o poema. Muito profundo

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  3. Adorei este poema e trata bem a realidade

    Beijos e ótimo final de semana

    http://mylife-rapha.blogspot.com

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  4. Delícia de musicalidade... um abraço!

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  5. Belo jogo formal de palavras (contos e contas) para falar da superfície e da profundidade da vida. Começamos por ouvir e re-contar contar contos de de encantar, para acabarmos por contar a dor.
    xx

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